Vetor amplia diversidade e favorece Vetores Black, grupo de acolhimento para colaboradores
Na semana em que o país relembra o Dia Nacional da Consciência Negra (20/11), o Vetor Brasil comemora mais uma vez a ampliação do quadro de profissionais negros (pretos e pardos) na equipe. Até o início de 2022, esses colaboradores representavam 21% das pessoas que trabalham na organização. A meta era que essa composição chegasse a 35%. Em maio, lançamos um processo seletivo exclusivo para pessoas negras, o que permitiu chegarmos ao final do ano com 53% de diversidade racial.
Mais que ampliar a diversidade racial na organização é necessário criar ambientes de acolhimento para que esses talentos se sintam pertencentes ao grupo. Nesse sentido, a Unidade de Impacto de Diversidade, Equidade e Inclusão implantou o Vetores Black, um espaço de aquilombamento online para que os colaboradores que se autodeclaram negros (pretos e pardos), encontrem um ambiente seguro para compartilhar suas experiências, anseios, dores, celebrações, oportunidades entre seus pares, além da troca de conhecimentos.
Espaço horizontal, sem hierarquias
Atualmente o grupo é composto por 32 participantes incluindo diretoria, gerência, coordenação, analistas, assistentes e estagiárias. Não há hierarquia, o espaço é horizontal e todos podem promover ações de maneira igualitária. A comunicação acontece através de canais internos e reuniões online mensais, com temas sugeridos e conduzidos pelos integrantes. O quarto encontro acontece nesta sexta-feira (25) e terá a participação da professora Dulce Maria Pereira, ex-presidenta da Fundação Palmares e uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado (MNU).
Segundo Guilherme Santos, um dos idealizadores do Vetores Black, a ação foi inspirada no Programa Ubuntu, que é exemplo de aquilombamento e fortalecimento de lideranças negras que atuam no setor público. Para ele, estar entre os pares é uma necessidade histórica. “É um chamado, uma reconexão com nossa ancestralidade para atuar no presente. É construir esperança, força, sonho e um futuro melhor. Espaços de aquilombamento nos permite trocar dores, curas, insights, dicas e principalmente, fortalecimento.”
Pra Guilherme, o objetivo principal do Vetores Black é fortalecer os colaboradores que se autodeclaram negros. “Acredito que não se trata apenas de uma ação para promover a diversidade, mas a inclusão e o pertencimento. Vejo o Vetores Black como um espaço que nos mostra que pessoas negras não são apenas números, pois é um espaço que nos acolhe, celebra, fortalece e mostra que não estamos sozinhos, que tem outros de nós em diferentes áreas e cargos”, completa o analista de projetos.
A solidão da pessoa negra nas organizações
A gerente de Diversidade, Equidade e Inclusão do Vetor Brasil, Denise Silva, explica que atuação da pessoa negra no ambiente organizacional sempre se deu de maneira solo, seja na graduação, no estágio, em programas de trainee e quanto mais evolui na carreira profissional, menos pessoas negras são observadas nesses espaços. Assim, o racismo institucional faz com que pessoas negras se sintam excluídas nas organizações e não reconheçam as suas competências.
Conforme a gestora, os Vetores Black surgiram para conectar as pessoas negras da organização e para que elas se sentissem unidas. “Damos o nome de aquilombamento, uma rede de afeto, trocas com pessoas que vivem o racismo em todos os aspectos de sua vida e precisa se fortalecer com quem sente o mesmo”, conta. “Uma iniciativa como esta apoia a pessoa negra a se sentir pertencente ao espaço em que vive. Compartilhar pensamentos e sentimentos com pessoas que tiveram a mesma jornada que a sua, proporciona trocas que reconhecem e fortalecem suas potencialidades”, enfatiza Denise.
Além de possibilitar o estreitamento dos laços de solidariedade e acolhimento, o grupo é um espaço produtivo de discussões e um lugar que concebe o fortalecimento das diversidades.Também se constitui como um ambiente formativo e de discussões teóricas que viabilizam o enriquecimento de conhecimentos e troca de aprendizados. Os participantes avaliam a experiência positivamente e compartilham como tem sido a interação.
Ully Sant’Anna Ribeiro, analista de projetos da Unidade de Impacto de Diversidade, Equidade e inclusão
“O grupo Vetores Black surgiu muito numa perspectiva de criar novos e mais espaços para que o time de pessoas negras do Vetor pudessem trocar, partilhar e se fortalecer. Por ser um espaço autogerido, todo mundo tem bastante liberdade para propor temas, mediar espaços e ir construindo de maneira coletiva. Acredito que a importância é justamente fazer um espaço de aquilombamento e fortalecimento coletivo.”
Claudio Clemente Lima, analista de Relacionamento com Governos
“Considero o espaço super importante, principalmente, porque consigo me conectar com integrantes de outros times e o fato de podermos trocar experiências e vivências sobre questões raciais. Fiquei muito feliz com a iniciativa. Sobre o impacto no meu trabalho, com certeza foi MUITO positivo. No meu último emprego, eu era a única pessoa negra do gabinete, vejo uma diferença absurda aqui no Vetor. Para além do número maior de pessoas, poder falar sobre nossos dilemas diários no próprio ambiente de trabalho está me ajudando. É algo grandioso demais!”
Ana Paula Matias, gerente de Projetos
“A luta por igualdade racial se dá pela união do povo preto. Um espaço como esse traz um sentido de pertencimento à organização e de compreensão de que não estamos sós. É uma interação justa porque neste espaços somos quem somos, sem cargos, senioridades e isso permite sermos mais leves e autênticos e evita julgamentos. Para mim tem sido um bálsamo poder compartilhar dentro do meu espaço de trabalho experiências com pessoas negras que possuem histórias e dores similares às minhas e que estão na luta por encontrar seu espaço e lugar em um mundo ainda muito racista e heteronormativo.”
Vivianne Sousa, coordenadora de projetos da UI de Educação
“Não adianta apenas atrair diversidade, é de suma importância garantir a permanência destes atores dentro das organizações que atuam com a mudança social e política na sociedade. Este espaço possibilita a sustentação de uma política de acolhimento e desenvolvimento dentro da organização e para as entregas de soluções à sociedade. O grupo Vetores Black nos fortalece e empodera a trazer inovações, criatividade e o pensamento permanente de atender e atrair outros atores negros e negras, garantir a diversidade nos espaços não apenas internamente mas também nas ações junto a gestão pública.”
Como é a dinâmica dos Vetores Black?
A pessoa negra que entra no Vetor Brasil é convidada a fazer parte dos Vetores Black nos canais internos e das agendas de encontros que acontecem sempre na última sexta-feira do mês, com uma 1h30 de duração. O grupo é autogerido e a cada encontro uma pessoa traz um tema que tenha familiaridade e queira compartilhar com as demais.
A metodologia utilizada é a roda de conversa, o mediador ou mediadora do encontro apresenta percepções sobre o assunto e o grupo compartilha suas visões. Os participantes podem compartilhar ações, materiais e conteúdos sobre a temática étnico-racial, possibilitando o desenvolvimento contínuo em torno das questões não apenas para os Vetores Black mas para toda a organização. Além disso, a ação favorece o pensamento em soluções pautadas nos princípios do respeito à diversidade e na luta por uma sociedade antirracista.
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