Marco Camargo, 33 anos, Co-CEO do Vetor Brasil nasceu em Londrina, no Paraná. Mas ele conta que ter uma mãe Maranhense que ama a sua origem, fez com que tivesse uma relação forte com o nordeste. Mesmo formado em Engenharia Mecatrônica, ele afirma que sua grande paixão é trabalhar com pessoas. Nesta entrevista ping-pong, Marco fala um pouco de sua carreira, o trabalho no Vetor Brasil, seus sonhos e projetos para o futuro.
Qual a sua formação?
Eu sou formado em Engenharia Mecatrônica, mas acabei fugindo da engenharia. Eu brinco que a primeira vez que eu precisei apertar um parafuso na faculdade, eu decidi que eu queria mesmo era trabalhar com gente, com pessoas. E por isso, persegui uma carreira primeiro em gestão, e depois em impacto social.
Mais tarde, fiz meu primeiro projeto no governo quando trabalhava em uma consultoria estratégica, e fui picado pelo mosquitinho do setor público. A partir daí, eu decidi fazer um mestrado em administração pública em desenvolvimento nos EUA.
Quando iniciou no Vetor Brasil?
Minha história com Vetor é longa. Eu brinco com a Joice que eu vim pro Vetor porque no fundo eu queria ter feito o Programa Trainee de Gestão Pública, só que ele ainda não existia.
Conheci a Joice quando trabalhávamos juntos em uma consultoria em 2012/2013 , e ela me contou de uma iniciativa que ela havia criado para apoiar pequenos municípios em gestão. Na época, o Vetor era bem diferente do que é hoje, mas me deixou muito instigado em como eu poderia utilizar minha experiência/potencial para problemas públicos.
Em 2016, antes de ir ao meu mestrado, eu apoiei o Vetor de forma voluntária na construção da estratégia para utilizar os recursos do Desafio de Impacto Social do Google.org que o Vetor tinha ganhado. A coisa que mais me marcou na época foi conhecer os trainees do Vetor em uma formação presencial. Tanta gente boa, de lugares, vivências e perfis muito diferentes com um propósito de transformar a gestão pública me deixou muito inspirado.
Em 2017, eu decidi participar do Programa Summer de Gestão Pública do Vetor na Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado do CE. Foi uma experiência muito rica, que só aumentou minha vontade de trabalhar com o setor público.
Por fim, eu me juntei como Diretor do Vetor em 2018, logo depois que me formei do meu mestrado. E desde então, passei por diversas áreas diferentes da organização.
O que lhe atraiu na organização?
A coisa que mais me atraiu foram as pessoas e os valores. Eu sempre busco trabalhar com pessoas que eu admiro, e em lugares que tenham valores alinhados aos meus. E encontrei no Vetor um local onde eu me inspiro todo o dia com as pessoas com quem trabalho, e onde eu me sinto muito conectado com a missão da organização.
Em qual cargo iniciou sua trajetória no Vetor?
Em 2018, eu comecei como Diretor Institucional, que tinha um foco grande em apoiar a captação de recursos da organização, pensar no modelo de sustentabilidade financeira, e apoiar as áreas financeiras e de parcerias institucionais.
Qual a sua motivação para trabalhar no terceiro setor?
Apoiar a resolução de problemas públicos de forma sistêmica, dinâmica e inovadora.
Um livro que você está lendo ou recomenda?
Sou muito fã de música brasileira. Um livro que eu terminei de ler nesse início do ano foi a biografia do João Gilberto. Foi a última obra do Zuza Homem de Mello. Duas perdas grandes que tivemos nos últimos anos para a música brasileira.
Sua série ou filme favorito?
Pergunta difícil. Tenho que confessar que não sou muito das séries. Mas amo cinema e meu gosto vai de coisas mais geekies (ex.: Star Wars, Marvel) a filme europeu paradão. O último filme que me arrebatou foi o A Filha Perdida, inspirado no livro da Elena Ferrante.
Qual a sua frase de impacto?
Nossa, há muitas frases poderosas, e tantas tiradas de contexto. Uma que me marca muito é uma frase que estava estampada na entrada do prédio de onde eu fiz mestrado: Ask what you can do (Pergunte o que você pode fazer).
Esse lema me provoca para um dos principais desafios de liderança: se responsabilizar. Se responsabilizar pelos nossos desafios coletivos, públicos, pelos problemas que estão ao nosso redor. Ela nos provoca sem colocar a pressão de que nós seremos a solução para todas as nossas questões estruturais. E sim, para focarmos no que está ao nosso alcance, no que podemos fazer no nosso momento, com as nossas capacidades individuais e como grupo.
Qual a pessoa/figura que te inspira no terceiro setor?
Tantas pessoas me inspiram no terceiro setor, inclusive muitas colaboradoras aqui do Vetor. Fora do Vetor, admiro muito o trabalho da Selma Moreira no Fundo Baobá, e da Carolina Ricardo no Instituto Sou da Paz, dentre tantas outras que poderia citar aqui.
Quais projetos/ações principais você ajudou a implementar ou implementou?
Estou no Vetor desde 2018, e no início de 2020, eu assumi a posição de Diretor responsável pelos nossos programas e projetos. Desde então, apoiei na implementação de diversos programas inovadores no Vetor, como a Residência de Gestão Pública, o Líderes da Aprendizagem, e mais recentemente, nossa frente de Certificação de Gestores Escolares.
Quais são suas atribuições como Co-CEO?
Eu estou como o Co-CEO (Co-Diretor Executivo) responsável por apoiar toda a implementação dos nossos programas e produtos. Minhas principais atribuições são de (1) construir e alinhar a visão e direção da organização na nossa expansão de produtos e programas, (2) garantir que os times e as pessoas tenham os recursos necessários para colocar nossa ambição em prática, (3) desenvolver as lideranças da organização para que elas tenham autonomia, suporte e espaço para crescer, e (4) construir parcerias com outras organizações e pessoas do ecossistema para somarmos nossos trabalhos e energia. No fim, nosso trabalho é sobre pessoas, e as pessoas estão no centro da entrega/construção das nossas soluções sejam elas digitais ou não.
Além disso, neste ciclo, temos uma grande oportunidade de investir em produtos e soluções digitais para atacar desafios sistêmicos de gestão de pessoas no setor público. Também é parte da minha responsabilidade geral ajudar a organização a chegar nesse próximo ciclo de atuação digital.
Qual a importância dessa mudança de “cargo” para a organização?
Estamos em um momento chave de crescimento do Vetor, e essa mudança está intimamente ligada a nos ajudar a dar o próximo passo como organização de impacto no Brasil.
Nossos programas trouxeram resultados estratégicos muito importantes nestes últimos sete anos: construímos uma rede de mais de 700 pessoas que atuaram em governos estaduais e municipais de todo o país. Agora, estamos entrando em um novo ciclo de crescimento, que se apoiará na construção de soluções digitais para alcançar milhares de profissionais públicos de todo o país.
E para você, qual impacto gerou?
Além do reconhecimento, essa mudança me gera um senso de responsabilidade e comprometimento muito maior com a organização, e especialmente com a rede de profissionais públicos que queremos construir e apoiar.
Qual o seu sonho grande?
Eu acredito muito no poder multiplicador das pessoas na atuação dos nossos desafios sistêmicos, e complexos. Especialmente quando elas não estão sozinhas, e atuam em rede.
Meu sonho grande é que as pessoas, que carreguem a potência da diversidade do nosso país, e que tenham o chamado de atuar no serviço público, encontrem um caminho para prosperarem em conjunto. E que esse movimento gere melhores resultados para os nossos problemas públicos, especialmente para as pessoas que mais precisam.