“O programa fez uma transformação na minha vida”, diz uma das primeiras participantes do Programa Ubuntu
Se chegar a cargos de chefia já é uma conquista difícil, podemos afirmar que pessoas negras enfrentam ainda mais desafios para desenvolver suas carreiras. Fazendo um recorte no setor público, quantas lideranças negras você conhece? Certamente, será preciso fazer um esforço para lembrar e possivelmente serão poucos os nomes que virão à sua mente.
A falta de representatividade é uma realidade no governo, assim como em outros setores da sociedade. Para mudar esse cenário, o Vetor Brasil criou o programa Ubuntu – formação de lideranças, com o objetivo de ampliar e consolidar a participação de profissionais públicos negros e indígenas em posições de liderança no setor público e que querem desenvolver ações antirracistas em seus órgãos.
Zelma Madeira, Secretária de Igualdade Racial do governo do Ceará, foi uma das participantes da primeira edição do Programa Ubuntu. Para ela, a representatividade importa – e muito – e o programa foi um divisor de águas na sua carreira e um espaço que se viu representada e empoderada a melhorar cada vez mais sua atuação profissional. “O programa fez uma transformação na minha vida. Encontrei lideranças negras como eu. Aprendi técnicas que apliquei na minha equipe”.
Nesta entrevista ao Vetor Brasil, Madeira conta mais sobre como aplicou o aprendizado obtido ao longo do Ubuntu na prática, principalmente na gestão de pessoas da sua equipe, e como a experiência de ter passado pelo programa contribuiu para o desenvolvimento de sua carreira.
Vetor Brasil: Qual a importância de participar do programa Ubuntu?
Zelma Madeira: O programa fez uma grande transformação na minha vida no sentido de que encontro no programa uma rede de lideranças negras, de gestores, mais do que gestores, lideranças negras como eu.
Os resultados do programa Ubuntu
VB: Sabemos a importância de aliar a teoria à prática. O que você levou do Programa Ubuntu para a sua carreira? Quais os resultados?
ZM: Participar desse programa impactou diretamente o meu fazer profissional, digo mais ligado à sistematização da prática. Isso porque, além da gente ter obtido competência teórica, metodológica, de entendimento da questão racial, mas também da questão da gestão de política pública e implementação, nós aprendemos técnicas.
Essas técnicas para mim foram de fundamental importância porque passei, inclusive, a testar com minha equipe. Tinha uma determinada técnica que se discutia na quarta à noite . (Zelma se refere aos encontros semanais do programa) e chegava na semana e ia fazer, colocar em prática.
VB: E o que impactou na sua carreira?
ZM: Isso me deu uma arrumada, uma organicidade do fazer profissional sobre como nós poderíamos exercer essa liderança de uma forma mais empática de uma forma democrática, não é que eu não fizesse, mas isso vai aprimorando tecnicamente as nossas competências para fazer profissionais mais interessante e com mais qualidade.
VB: Qual a importância de ter sido uma das primeiras participantes do Ubuntu e o que mudou na sua vida?
ZM: Sou muito feliz de ser uma ubunter (forma carinhosa como são conhecidas as pessoas participantes do Ubuntu) da primeira turma do programa que, com inventividade, pude saber o que é mesmo a luta antirracista e como que a gente pode fazer para a construção de um outro mundo verdadeiramente democrático em termos raciais.
Faça parte e seja agente de transformação
O Vetor Brasil trabalha para que mais pessoas negras ocupem cargos de lideranças no setor público. É uma pauta urgente para pensar em políticas públicas que tragam soluções efetivas enfrentadas pela população negra. Por isso, o Vetor criou com exclusividade o programa Ubuntu, uma formação completa com 100 horas focadas em desenvolver competências essenciais para lideranças negras e indígenas nos governos.
Para alcançar mais profissionais, recentemente foi lançada uma campanha de financiamento coletivo que, a cada R$1 de doação, a plataforma Alas, parceira nessa iniciativa, doa mais R$2, triplicando o valor. Você pode fazer parte e ser um agente de transformação, afinal, todas e todos sabemos da importância da equidade racial no setor público para maior inclusão, mais representatividade e melhor atendimento à população. Saiba mais sobre a campanha.